quinta-feira, 3 de junho de 2010

Para meu monstro interior

Gasto folhas para você
Gasto ideias para te escrever
Não ganho nada com isso
A não ser um certo alívio
Por não te compreender
A cada passo meu quem mexe é você
A cada berro meu quem me fere é você
A cada grito de susto quem me surpreende é você
A cada longo suspiro quem eu amo é você
A cada dor que sinto quem me entende é você
A cada momento solitário quem me completa é você
A cada questão de amor mal resolvida quem me prende é você
A cada urgência minha quem justifica é você
A cada sonho meu quem me leva em frente é você
A cada tristeza minha quem me faz chorar é você
A cada pensamento meu quem intromete é você
A cada sorriso meu quem me faz fingir é você
A cada promessa minha quem me faz cumprir é você
A cada romance meu quem impede é você
Você que não é nada, mas é tudo
Minha alegria e motivo para tristeza
Minha companhia e motivo de avareza
Como posso ser assim?
Tomada por um monstro que pouco tem de mim?
Só sei que ao mesmo tempo que fere e mata
me eleva e faz viver
Já não posso sorrir
Já não posso chorar
Sem que sinta você
Você sou eu agora e nem sei a diferença
Nem como foi que diagnostiquei semelhante doença
Quero sonhar meus sonhos
Mas não posso te esquecer
Acho que nunca pude escolher
Só há uma alternativa possível: viver
Um corpo morto em um corpo vivo
Um mistério em um enigma
Mil vidas numa só
Um Universo em simples matéria
Uma constelação
Um jardim
Uma resposta
Mais de mil perguntas
A verdade
A solução
A tristeza
Minha união
Onde é que está virgem coração?
Meu mundo não quer me acompanhar
E fico escrevendo só a pensar
Em como seria
Se eu estivesse aqui sozinha
Sem que fosse você a escrever para você
Para que eu pudesse dizer sem me controlar
Revelar sem interromper
Nem que para isso com você precisasse romper
Mas sei que não dá
A história vai continuar
Afinal, você sou eu
E, minha verdade, há muito já morreu.

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