segunda-feira, 31 de maio de 2010

Um dia é da caça...

Sob os pés repousa
a verde face da terra,
mansa, calma e tranquila
em contraste com a guerra.
Tiros ecoam na vila,
saio de casa com pressa,
já mataram meus amigos
já roubaram o que interessa.
O ar já cheira perigo,
atiro em dois e os mato,
no mato busco abrigo.

...e o outro do caçador

o tempo corre demais
pra eu pensar em agora,
em aqui, e vejo tudo imenso,
sem senso de direção,
é apenas um sonho, eu penso,
pesadelos de sensação.
As mãos grandes e tortas,
dedos grandes e caleijados,
a face palida e morta,
olhos vermelhos, dilatados.
E a respiração ofegante,
pés de sangue manchado
e o movimento incessante
de um fugitivo caçado.

domingo, 30 de maio de 2010

Cínico

Me falta mais do que posso ter,
ser o que mais eu não gosto,
e se encosto em você
me provoca arrepio.

O que me falta eu não tenho,
o que não tem eu crio,
se voce não vai eu venho
pra conversar sobre o dia.

Se falta entretenimento
sobra revolução,
se da oração me alimento,
é porque creio na salvação
da alma, das asas, sustento a imaginação,
e o garoto sem nada quer ser
o centro da atenção.

E o garoto sem nada
não quer ter,
pela estrada, talvez sim,
não que ele diga pra mim,
apenas sei porque sou
como ele, ou dele o que restou.

sábado, 29 de maio de 2010

Psicho de Lia

Lia olhava os lírios,
lia muito, sem parar,
era coelho, com pressa,
passando sem cumprimentar,
de vez enquando consulta
o relógio e sorri.
Lia sabe que ali
mora um bom coração,
quem me dera ser como Lia,
reconhecer a feição,
conhecer tudo e todos.
E no jogo excessao,
Lia era a favorita,
Jogavam tres de cada lado,
-esses são excessão-
o juiz jogava sentado.
Era muito escuro pra ver
o que Lia fazia,
mas dava pra entender,
que a vida era vazia.
O pote sem nada era cheio
de ar fresco e feliz,
vaLia, pra longe daqui,
valia quinhentos dólares,
no antiquario da esquina,
porque, menina, sorri?
Só lê anuncios da TV,
Lia não pode ser feliz.
Lia não sabe escrever.

Nuvens idiotas

Quando sou, não sei,
quando sei, não acho,
quando já achei,
tremo as pernas
e me escondo por baixo
das coroas funebres,
de dentes de leões e cravos,
de pequenos emaranhados de pensamentos,
escravos, livres por dentro,
marcados pelo meu julgamento.

Felicidade é uma palavra,
outrora foi um lugar,
uma pessoa, uma memória,
outrora deixei de buscar
outra aventura sem historia,
outra hora sem luar,
nuvens idiotas...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Insurreição

Cápsulas prateadas
que iluminam, num clarão, a noite,
saem pessoas encapuzadas
de onde eu não sei
pra começar o açoite.

Não ficarei pra ver,
nem terminar o que comecei,
tente entender, meu bem,
o problema não é com você,
o problema não é com ninguém.

E sentado em salas escuras,
cabelo branco e charuto,
escuto as notícias e surto
de malícia e ira puras,
'tenho uma missão pra você'.

Você, meu anjo sem asas,
não impedirá que aconteça,
esqueça e fuja de casa
comigo antes de ontem,
pra que seus pais não acordem.

Aquariano

Mero deslize
de mãos descuidadas,
por entre seus lábios
e costas ensaboadas,
e o cabelo molhado
derretendo em minha mão,
mãe dos filhos que não tenho
devolva meu coração,
amarrado, sem faltar pedaços,
pedaços de decepção,
tão cheios de espaços,
tão cheio de solidão,
que esqueço em seus braços,
no banho, na memória
desses momentos tão escassos.

Ao terceiro dia

Volto com outros delírios
guardo mais novos pecados
preciso ser ressuscitado
se quero perder o martírio

vivo em corações desamparados
ouço gemidos, dores e preces
pedidos que até eu queria ajudar
sonho que é meu sonho poder realizar

por mais que a pedra acerte a água
ela nasceu pra ser água
não morre nem chora, nem fura
só se move e volta a ficar parada

Diário semanal

Na semana, no tumultuo
onde guardo a solidão
quando chega sexta a noite
a boca sente o coração

dentro do peito ansioso
por sentir o cheiro gostoso
nos olhos em câmera lenta
uma imagem que me acalenta

o problema só é tempo
que eu quero rápido e lento
por mais que eu queira quieto
mais a segunda chega perto

Mais uma vez do peito
volta o gosto de solidão
que só sabe atormentar
o meu velho coração

§1º

Pensamentos impuros
mente semi-aberta
cabeça vazia
sem sorte pra nada

deixo um copo meio vazio
derramo em mim o resto da garrafa...

§2º

Não tenho brilho
não quero dinheiro
não espero, me viro
não corto o cabelo

Sem que eu saiba

Preciso parar de me esquecer
dos dias de sol em que espero chuva
das noites ao relento que lembram orvalho
do som dos passos pelas folhas secas
de um sonhar vazio sem querer dormir

Desejo deixar de não lembrar
de olhares vazios sem rumo
da voz calada ainda na boca
meio sem som, quase sem assunto

O que me faz feliz me faz crescer
o que não me me faz bem às vezes
até deixa de existir se puder
às vezes me deixa... sem existir.

§3º

Nada penso sem escrever
nada escrevo sem dizer
nada digo sem pensar
nunca penso...

Um bom filme

Ouço o som da pele
sinto o gosto do cheiro
grito cousas insabidas
me aperto de beira em beira
se estou só, não vejo
só o filme que tudo entendo
deixo de viver pra sonhar

asfalto

Com meus pés se queimando
o asfalto enfumaçado
meus dentes se rangendo
ninguém ao meu lado

sem companhia e com ousadia
caminhando sem rumo
com medo de voltar atrás
sem nenhuma simpatia

quando ouço o vento que me toca
sinto que no peito algo me enforca
sigo meu caminho só
apenas caminho com meus pés no solo

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Possessivo

Minhas criticas destrutivas,
destruíram um muro inteiro
de puro concreto, macio,
e regras intuitivas, induzidas pelo dinheiro.

Meus ideais fadados
à falência e a corrupção,
se não o fossem, ideais não seriam
seriam ideias sem conexão.

Meus enterros solenes
de deuses e nobres heróis,
de mitos, igualmente perenes,
mas que a terra cobre sem dó.

Meus dedos calejados,
Meu ardor irreligioso,
Meus olhos cansados,
de ler, não de ver.


Desculpas aos irracionais

Gordos fétidos reunidos
fracos plebeus intelectuais
rogam em coro os graúdos
por dias sempre tão normais
pobres descerebrados irracionais
coitados sem pressa de pensar
com um seixo grotesco na cuca
ideais provindos de merda
grita dum canto a maluca
que diz ter ouvido o futuro
os que percebem nem notam
os que notam nem se importam
a louca dizia aos gritos
ninguém quis ouvir mas cria
com fé choraram aos prantos
com medo nem viram a mentira
mentiram também
ouviu o neném
sem julgar o mérito chorou
não podendo refutar acreditou
repassou sem conhecer a fonte
assim continuou
até hoje
ouvi e quase acreditei
desculpem os que ainda crêem

Sempre tentam quebrar meus sonhos

É fácil para você
Você é uma dondoquinha
Você vive de banquetes
Enquanto outros de farinha

É fácil para você
Que não tem nada mais pra querer
Você tem o que quer da vida
Enquanto outros só a tem sofrida

Você só quer ser Deus
Ou tirar o sofrimento do seu caminho
E pensa que consegue isso
Só com esse seu sorrisinho

Você não tem poder de mudança
É apenas uma criança
Não conhece o mundo real
Até detesta ver jornal!

Como pode sofrer pelos outros
Se não vive como eles?
Como pode sentir tanta dor
Se essa dor era só deles?

Quantas vezes já tive que ouvir
Que é fácil para mim sonhar
Só porque tenho o que preciso
Ainda que não tenha que trabalhar!

Que fique claro que acho injusto
Esse jeito cruel de pensar
Cada vida tem seu custo
E o da minha é amar.

Dona M

Oito filhos
Vários netos
Dois bisnetos
Vida sofrida
Deixada sozinha
Filhos pequenos
Trabalho duro
Tão sozinha!

Todos grandes
Todos formados
Tanto sucesso
Depois de tanto trabalho

Lá se vão as duas pernas
Lá se vão seus dois olhos
Lá se vai sua família

A grande família que cresceu
com sofrimento e esforço daquela nobre mulher
Que hoje é uma senhora
Que não pode andar sozinha
Que não pode ver o mundo
Que detesta ser dependente
Que perdeu as razões de viver
Que de todas as tristezas
Amarga a de uma família ingrata
Família que já luta pelos bens que serão herdados
Que quer mandar a mãe pro asilo

E a velhinha só quer morrer
E me diz com aquelas doces lágrimas e
o fofo cabelo branco
Que nada mais faz sentido
E me deixa sem palavras

Posso sentir aquela dor
Olho com raiva para os filhos ingratos
Filhos que não quero entender
Olho com raiva para mim
E digo o que não quero dizer
Porque é minha obrigação
falar a ela pra viver
Para lutar e para sofrer

E eu ganho um abraço
Emocionada
E a senhora abençoa o meu trabalho.
E eu maldigo o meu trabalho.
E admiro a dona M.
Tão sozinha!
Nunca tive aquela força.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Soño

Sono que me incomoda,
lento e aturdido,
sonho que me acorda,
com lamentoso gemido.
Recorda o verso esquecido,
e vai escrever a noite,
quando acorda embevecido,
embebido em banho maria,
bêbado, trôpego e sem sentidos,
levanta só pra escrever,
e já cai pra dormir de novo,
sem ver, bebe um copo d'agua,
depois encosta no sofá,
rascunha no chão sua mágoa,
antes de novamente deitar,
no quente leito macio,
com leite morno amanhã,
e sonhos que dão arrepios
pra minha doente mente sã.

Eu em sorte

Destemido eu
encorajado sou
mal-dormido estou
enfadado fico

Faminto eu
sonolento sou
corajoso estou
medroso fico

refutável eu
ignorante sou
impaciente estou
amável fico

manhoso eu
carinhoso sou
maduro estou
verde fico

feliz eu
companheiro sou
desiludido estou
irresponsável fico

criança eu
complexado sou
imperfeito estou
necessitado fico

ex-suicida

Um passo à frente e me vejo cair
se caio não volto a levantar
enquanto só penso em voar
da vida eu espero sair

Por mais que eu seja firme
sou o ferro a fogo quente
sou maleável como minha fé
sou hipócrita e verdadeiro

por ser tão real
vivo meio paradoxal
sendo tanto imperfeito
a vida não encaro
não abro meu peito

Por medo de cair me jogo
com a certeza do que tenho eu fico
com tanto amor no coração
não me aguento e paro
não desejo outra emoção

o livro

Se ouso falar devo pensar
pra verdade ser ideal
real precisa a coerência
se distorço os fatos
que distorçamos todos
Se escolho as verdades
separamos as mentiras
se há mentira e verdade não falseável
falsa a verdade tanto quanto mentira
Se não sei quem sigo não sigo
se não conheço meus valores
não tenho moral, não tenho valor

desigualdade e indiferença

pouco importa a quem não pensa
nada se importa sem condição
ninguém pensa com boa condução
mas todos pensam um dia ter
condição pra ter condução
desigual é ter por ter
quando ao lado não se tem
mas quando se faz ter
tendo força para tal
forte é sua vontade
não ter por falta de vontade
é motivo pra nunca reclamar
ter só por vaidade
é escolha válida
deriva de luta de qualquer jeito
e luta é pra quem quer lutar
saber é consequência do querer
ter é fato iminente ao querer
precedido de lutar e este de vencer

perde-se olhos para o lado
quando se ganha objetivo
foco é o motivo da indiferença

não vou colocar título

Estrada à minha beira
esquentava o que hoje sou eu
lembrando o fogo na lareira
vez ou outra me lavo no rio
Chuva me aquece no verão
no inverno só lembro do frio
com sono me deito no chão
sei que caminho sem direção

creio na minha orelha que ouviu
da boca de quem não se lembra
disse um dia que não aguenta
ninguém que pensa que ama de mais

se alguém pode e quer ajudar
peço que não deixe de mandar
pensamento ou um pedaço de pão
uma ideia ou uma boa ilusão
não quero dinheiro
não preciso de muito
só quero carinho
e talvez um carrinho
pra poder dormir e sonhar
pra poder brincar quando acordar

quero uma vida de novo
só pra poder aprender a viver
desculpem os que não me entendem
escrevi pra que eu me entendesse
e ainda nem li pra saber se me entendo

terça-feira, 25 de maio de 2010

Meus versos presos na sala

Não comente,
nunca mente então,
semente da redenção,
somente os dias mais belos
os elos da elucidação
dos poemas singelos
que brincam de rimas,
como que pra fazer confusão.

Num canto, a mala,
noutro canto,
sua voz eu ouço,
não é possivel amá-la
se viajarei pra muito longe,
sairei do calabouço
morar onde, não sei,
só sei que os seus versos,
aversos à aparição,
me causam curiosidade,
vontade, insinuação.

fé pra não ter fé

Na pirâmide kelseniana
fundamento meus princípios
quebro barreiras humanas
formulando exatidão
possível racionalidade
desprezível realidade
Moralismo relativo é base
valores distorcidos
crendices mal fundamentadas
fé irraciocinada, fé
num lapso temporal
com um laço ideal
que enforca como a forca
e guilhotina com a força
com um nó na garganta
prendo minha vingança
podo minha esperança
de sentir a luz brilhar
sentir iluminar
ouvir a verdade vibrar

À uma baluarte amiga

E então você resolve partir
Sem se despedir
Sem pedir ajuda
Usando sua vida como bem entende
Como se ela fosse só sua
Como se não fosse ferir ninguém
Não sabe que está dentro de um jogo
Não sabe jogar sem as regras
Não sabe como contorná-las
Como embaralhar o mundo
Como esquecer a dor
Não vou deixar que parta
E não importa o quanto me recriminem
Não vou deixar que suma
Que deixe que tudo acabe
Eu sei que dói
Eu sei que pode não passar
Eu sei que os significados se perverteram
Mas não escolha o precipício
Estaríamos todos perdidos
O céu nunca mais seria o mesmo
Se perdêssemos aquela estrela.

Morte à dor!
Mas não corte a vida.
Nunca foi preciso que aguentasse tudo
Nunca pedimos que tentasse
Não tem que segurar o Universo tão só
Fortalezas resistem, mas não protegem a si mesmas.
Fortalezas são símbolos, mas também caem.
Somos vários ombros
Dividiremos o peso.

Rotação de culturas

Não que eu saiba
quando chega a primavera,
e meus dedos começam a dobrar
novamente como era
antes do inverno chegar
Mas muito pelo contrário,
todos os dias eu vejo
a alternância de estações,
em um dia, todo o calendário,
no final de semana o desejo
de voltar a ser o que não foi.

E depois, descobrir que não sou
exatamente o que quero
que era o erro crasso,
tudo aquilo que não espero.
Mas de nada me preocupo:
amanhã serei outro,
quem sabe outono,
quem sabe outrora
alguém que ainda não fui
independente da demora
pra entender que o mundo flui.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Banho

Minha cabeça doi
a espuma do sabão lava a água
as luzes me atrapalham
a água era suja
o que tenho nos olhos?
agora a água está melhor...
ainda sinto dores de cabeça
o sabão dança em ondas
ouço uma campainha invisível
me lavei com a água limpa
sinto um cheiro inaudível
a água agora é suja
o que tenho com meus sentidos?
o ralo chama a água suja
sinto uma dor que me incomoda
a água escorre e vai
eu fico sobre meus pés descalços
molho-me sem notar
molha-me sem que eu note
a água não se sujou de sabão?
eu me sujo quando me banho?
a água suja me lava
fico limpo e sujo a água
quem é a água?
onde estou?
o banho me suja de água e sabão

Olhos

De olhos entreabertos
com um suspiro no peito
o breu me atormenta
tenho medo do que comentam
se vem a morte quando me deito
se minha cama me prende
talvez mais forte
talvez eu não suporte
não sem dor

mas mesmo uma flor
para ter valor
deve ser arrancada
tem que ser podada
não se presenteia uma flor no chão
ninguém deve entristecer e viver na solidão

desistir é pior que perder

antes morrer em batalha
melhor que viver na obscuridade
assim pelo menos uma medalha
nada além de piedade ou maldade

sorte de quem vive alheio à vida
triste dos que começam a conhecer
quem não percebe que morre e morre
só morre depois de viver
quem vive pensando na morte
não vive mas aos poucos, só morre...

domingo, 23 de maio de 2010

A maçã dourada

O que me falta?
Diga-me por favor!
preciso da resposta,
não sei os motivos
desses constantes atinos,
que deixa vivos
meus sobressaltos repentinos,
meu incomodar constante,
uma ferida que nao se cura,
a loucura do instante
desdobrando-se no vento
incessante desalento
a embalar meu sono lento.

Vicio que não se cura
por simples privação,
meu desejo é proibido,
pra voce, pra mim nao,
o ensejo da libido,
a fuga da mesmice,
e o coração dividido
por tudo que me disse.

E o que me falta é algo novo,
pra poder continuar sendo
o que eu era antes de amanhã,
o oposto do que quero,
o que queria outrora
é diferente do que quero agora.

Minha quimera

Um barco sem rodas,
um dia acinzentado,
sou eu sem você
aqui do meu lado,
sem perceber
que o amor acabou,
que a noite caiu
e o dia raiou.
Meus olhos cegos
que agora podem ver
o que mora no ego,
que eu me pego a refletir
todo dia, toda semana,
sobre coisas tão sinceras
coisas tão sacanas,
coisas tão normais,
duzentas mil quimeras
que me atormentam demais.

sábado, 22 de maio de 2010

Joga de lado e sem beiras

E quem disse que precisa, de algo novo pra falar? diz que está cansado deveras pra continuar, também diz que o que se fala é o certo, ouve muito por aí, mas ainda nao descobri, porque leva tão a sério.
E quem disse que precisa de verso pra rimar? Rimo é com letras, não com palavras no lugar que eu escolho aleatoriamente. Quem mente? precisa perguntar? Já sabe a resposta antes de eu continuar.
E quem disse que a semente um dia vai germinar? ou ao acaso me jogo sem nada na cabeça, sem pressa, sem querer, que nada aconteça, esperando a hora certa de parar.
E quem disse, que a fé sempre alcança? Será se não percebe que, a mesma luta sempre, cansa?
Mas eu disse o que era certo, eu dei muitos conselhos, falei pra ter cuidado com esses novos aparelhos, falei pra acordar cedo, ter um emprego e uma mulher, falei mais que devia: da vida a dadiva é o fim, o inicio ou o meio?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Na verdade eu me importo sim

Tristeza não é depressão.
Saio da sala, sem permissão,
apenas porque quero ficar só.
Se não se importam, tanto melhor,
também nunca fui muito
de me importar.

E me sento na rua,
espero que o tempo passe,
se por um lado eu estou só,
estar na multidão
é a outra face.

O destino do suicida social é esse.
A viral desesperança se assemelha
àquele clima de mudança.
O que me prende na porra da minha casa são apenas eles.
Apenas eles.

Eu tinha me esquecido
o tanto que abrir
as portas da percepção
faz mal a esse jovem ancião.
Meus cumprimentos, e não se esqueçam das minhas cartas. Leitores fantasmas.

Der Steppenwolf

Hipócrita.
Sempre fui. Fui com orgulho de não ser,
ao meu parecer, apenas um engano,
tentando consertar
o deserto dos meus dias.
de longe a montanha é bela,
a relva parece macia,
de perto a areia amarela,
de cima o medo de altura,
e o medo de escalar.

Antes eu queria mudar o mundo,
depois pensei em mudar meus amigos,
hoje tento mudar a mim mesmo.
Hoje é tão difícil quanto antes,
e quando a esmo, e o pensar distante
deito na praça, como ontem fiz,
é pra olhar a lua e as estrelas,
de forma alguma triste, nem mesmo feliz,
apenas tentando entendê-las.
Mas elas me mostraram algo bom,
que eu ainda não sei racionalizar
pois não é esse meu dom,
lógica e contas, talvez uma profissão,
um lugar que o lobo das estepes,
de fato não abre mão.

E se julgas alguem melhor que de fato é,
com certeza decepcionará,
'A humanidade é avessa'
'A humanidade é ridícula',
e digo antes que esqueça:
Eu estou nela também,
não fujo da realidade,
não vou julgar ninguém.
(mas na verdade já julguei o que todos são)

E como se eu nem soubesse,
que o tumor reside em mim,
vem alguém e me diz isso,
do nada, e mesmo assim
retira de mim um sorriso
de verdade e conversa,
que pensei que nunca mais ia ter.
Todo mundo se interessa
em conversar coisas idiotas.
Gosto de criticas, mais do que imagina(m).

E das criticas vagas?
porque não falou?
é delas que eu me envergonho!
talvez nao lembraste, como bem suponho.

Mas tudo que escrevo é pra ser sepultado,
como a lágrima que nos escorre a face,
não me lembro do que está guardado
da mesma forma que me esqueço do que joguei fora.
Não me lembro do que escrevo,
preciso guardar pra ler,
a curta memória é uma dadiva.

Conhecimento!

Creio que crer não faz crescer
seguir um ideal não é ter ideologia
sonhar é só pra quem sabe pensar
pra quem se permite a razão
Sorte de quem não conhece
há felicidade, parece
dentre dois prefiro o pior caminho
dele trago arranhões e espinho
conhecimento é o meu destino
posso escolher simplesmente seguir
e nunca ser seguido
assim o que digo não é lido
o que falo não tem valor
o que penso nem é tão pensamento
só absorvo o que leio de quem sigo
seria reprodução determinística
de um grupo social dominante
que teria me dominado
talvez teria me enforcado
mas se nunca conheci o ar
não preciso respirar
felicidade ou conhecimento?

ósculo

Me imagino de óculos
me faz lembrar um ósculo
me faz querer te olhar
pra poder te beijar.

De quantos óculos preciso
pra ganhar uma visão precisa
quantos mais ósculos desejo
de sua boca que me chama

Desejo uma gota de seu amor
uma lágrima que escorre
até meus dentes que sorriem
até minha alma que não morre

Qual o mais profundo?
Um ósculo corriqueiro
que traduz companheirismo
ou um beijo ardente
que me lembra o pecado
que dá tela ao prazer...

Conciliem-se

o amor é mais.

lembro

Meus dedos deslizam em seus cabelos,
meu beijo se perde em seus lábios,
desde que a semana me mantenha vivo
minha fraqueza fortalece meus medos
O tempo é de sorrir, cantar
meu canto é na quina da porta
de madeira, pedra ou fé
minha ilusão é ideal
minhas desilusões são hipotéticas
não tenho expressões poéticas
não conheço o sentido do amor
mesmo assim amo, e sinto
não entendo tamanha paixão
mas sem perceber perco meu chão
quase flutuo sem pestanejar
quase rio sem perceber
a brisa em meu coração é forte
tão forte que me cega
me apaixona e me faz ver
me faz amar, só te amar!

mochileiro... talvez escritor. Não sei.

Todo mundo ansioso por ser o centro das atenções.

Não mais postarei publicamente como outrora.

E é possível ser feliz ainda em dias nublados.

E namoradas sempre são metade problema de um cara,
ou metade dos problemas dele,
a outra metade dela é solução.

E se alguma coisa é importante pra você,
parece que ela o é para o resto do mundo.
Mas não é.

E eu voto apenas pra poder não perder meus direitos civis,
esquece aquela historinha de que um voto faz a diferença.
Não faz.

Ou como diz um amigo meu:
Votemos esse ano por um 'Lucas' melhor.

Por hoje é só, pessoal. Qualquer dúvida, sugestões, enviem uma carta pra minha casa. O cep é: 39402-018. Acho que não precisa mais que isso né?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Ana fora

A humanidade é a avessa
ao reverso do contrário,
propaganda da cabeça
aos pés do adversário.

A humanidade é senil:
de tanto ouvir a velhice,
se perde na experiência alheia.
viril burrice de quem incendeia
a cabeça dos jovens com asneiras.

A humanidade é politicamente correta,
com as milhões de leis que todo dia decreta.
mas é o papel que pode vir a gastar
que importa ao cidadão ecológico,
que doa dinheiro para o greenpeace
mas leva seu filho ao zoológico.

A humanidade é inteligente,
cheia de suas razões,
cheia de gente que sente
vontade de parar de ler,
quando começa incomodar.

A humanidade é prolixa,
e repete sem precisão.
A humanidade é prolixa,
e repete sem precisão.

A humanidade é ridícula,
somos todos, é verdade.
de que importa a beleza
se não resta piedade?

A humanidade é finita,
quanto tudo mais no mundo,
e por isso é bonita.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Quase um meio pro meu fim

Meio sem pensar
quase nao sei o que dizer
quase sem perceber
meio fico a quase gritar.

Sinto na pele meu grito
na alma a lágrima que escorreria
uma pedra se amolece em meu peito
meu pranto traduz minha agonia.

De olhos abertos quase sonhei
me perdi mas não chorei
o sal na minha face é mistério
milagre de deus, talvez o contrário.

Sou o contrário do que deveria
mais que seria se fosse só
menos que eu gostaria
Sou meio pó, meio tudo, e um pouco de nada.

Quero um pedaço de torta de maçã
só pra entender um pouco do natal...

domingo, 16 de maio de 2010

O pupilo de Caronte

Nas minhas andanças, perdido,
quantos outros não levei.
Sem querer, para o bem,
ou para o mal, mal sei
que me observam e sabem disso...
mas quem sabe o que procura
sempre sabe o que tem,
outros tantos tem o que busca
mas não param, já que sem
seu motivo pra viver
ficam como eu,
que sem saber porque,
carregam-te para mais longe
do que realmente procura.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Universo particular

sem meias verdades,
sem meias e sapatos
eu não vejo deus, nem ets,
não vejo espiritos, nem voces

e o que mais me interessa
que o tempo ande mais depressa
pra eu ir aí te ver,
mas quando quero que ele pare,
quando já estamos juntos,
quando eu paro e olho o céu,
já está pra anoitecer


o que se diz eu não entendo
estou agora em outro lugar
não digo que tão profundo
quanto deveria estar

apenas boiando no mar
do deserto da insanidade
pensando em talvez amar
sem fugir da realidade

sem fugir do compromisso
do universo particular.

e se essa bolha em que vivo
estoura e e dela saio
não me falta motivo
pra não faltar o ensaio

pra encenar o teatro
da velha cordialidade
me sobra sinceridade
já que um dia vai tudo acabar

é que ultimamente ando preso
em meu universo particular

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rimas temporais

E o deserto do meu dia
que escorre na ampulheta,
se esvai na correria
que de uma hora para outra
vem me fazer companhia.

Espero que passe o tempo
sem que signifique tédio,
vejo cada minuto lento
passando em desfile régio.
quanto aos pequenos insetos
é um grande privilégio,
fazer de um minuto, a hora,
o sono: um desperdício,
um imenso sacrilégio.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

I


E quando o sol tiver se posto
e eu estiver a olhar seu rosto
só espero que essa lágrima seja de alegria
não te anima saber que a poesia
desperta do sono a desilusão?
Mas quando chegar este dia
e quando soar a canção
mesmo que seja o hino da derrota
nos abracemos como irmãos
e aquele passado não volta
nessa trilha não há escolta
apenas sombra e escuridão.

Quando tudo não passar de um plano
e pensares que foi por engano
que te escolheram pra essa missão,
vai ver que o pulso ainda pulsa
brincando de roleta russa
sabendo que pode morrer.

(maio ou junho de 2007, o primeiro)
Quem nunca traiu o próprio ideal que atire a primeira pedra.

Tomando café compressa

'-Já não há tempo a perder'
e o que se perde é a vida
ao invés de sentar no chão
para uma boa conversa
o que é, da areia, um grão,
pra quem está sempre com pressa?
Um bocejo e um conselho:
durma menos de manha,
e ao acordar, no espelho
vejo minha doente mente sã.
O café ressuscita
a alma'nsiosa das gentes,
que por nada se irrita
com a correria do dia
que ele mesmo procurou.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Meu silencio e a lua

O som do nada é belo
tanto quanto a lua
ou seu halo amarelo
que eu ouço aqui de baixo
com um silencio nos dentes
e um riso na mão
que atiro para cima
como que pra buscar uma solução
pro meu soluço que não cessa
ou pra lua que não me percebe,
e por mim não se interessa.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Frases virgens

Palavras mortas, poetas vivos
Escondem seu sentido
se mostram apenas a alguns
como virgens pudicas, sem vestido
Sem sentido,
Tem seis faces, faces lúdicas
sem prazer garantido
sem trazer um gemido
de prazer ou de dor
apenas estão lá
para serem cortejadas.