sábado, 30 de outubro de 2010

Licença poética

Semana que vem começa o curso, para tirar licença poética. Conto, desde já, as horas, os minutos, os segundos, esperando a hora que poderei escrever o que quiser, e minhas palavras serão quem elas quiserem.

Tenho planejado construir várias coisas com minhas palavras, pensei em construir um mundo melhor, mas descobri que isso é clichê demais. Então decidi que vou plantar uma árvore e contruir em seus galhos uma casa de vidro, com porta que sai direto na lua.

Dizem que a prova é bem difícil, mas não estou apreensivo, tenho me preparado bastante, além do mais, já é a segunda vez que faço...

No mais, me desejem sorte, espero que da proxima vez que eu escrever um texto em prosa, já esteja com minha licença poética na mão.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Enjeitado

Sumiço da submissão,
bem quisto antes,
hoje não.
Insisto em vão
que pereçam os valores
da Inquisição.
Em que sabores
se esconde a não-sensação?
E se de um não pensamento,
ao invés de um tormento,
e de perseguição, me deres alimento?
Insisto, sedento
de algum argumento,
que ores por mim.
Mesmo que sem,
o seu sentimento,
sem consentimento
para ser assim,
espero que entenda,
me surpreenda,
goste de mim.

sábado, 23 de outubro de 2010

Desconfio

Dos sons que tilintam
E das vozes que ecoam
Do sorriso partido
E do brilho que ofusca
Do escuro que dorme
E do silêncio que não canta
Das verdades que batem
E das regras que assustam
Das histórias com final
E das retas sem direção
Dos palácios sem vida
E dos jardins sem emoção
Desconfio da mente
E de meu coração

Em tese

Soube do brilho do sol
Pela intensidade da chuva
Do tremer das folhas
Pelo frescor do vento
Da estrada clara
Pelo breu futuro
Da ave rara
Pelo canto estranho
Dos meus medos
Por mostrar coragem
Das minhas verdades
Por fingir o mundo
Dos pensamentos certos
Por escaparem à linha
Soube de mim
Por não me ver - em lugar algum.

Fuga

Eu não soube escolher a resposta
Pra pergunta que não formulou
E não soube dos olhos aflitos
Que o contexto enganou
Fingi-me cega e surda
Sem entender bem o porquê
Talvez a vida o mandasse
E eu fizesse sem querer
Mas talvez, ciente de tudo,
Só quisesse esquecer
Da dúvida, do medo e da dor
Que formulam esse amor
Incerto e louco
Intenso ou pouco
Que sofro com terror.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Teima a fragilidade do cérebro

Meus olhos entreabertos queimam
pobre minh'alma delinqüente chora
vida suicida que quase morre
minha força sem luta se banha
meu amor que me lava a visão

minha fonte de inveja é o tempo
loucura encravada na carne do peito
me encarno em canções sem letra
deslizo dentre olhares descontentes

choro para lubrificar minha visão
rio sem pestanejar nem entender
sonho em pelado correr escondido

sou agora pobre de falas e rico de amor
tenho em meu coração loucuras
meu cérebro não se encoraja a sofrer

sábado, 16 de outubro de 2010

Tu-lirico

Seu gosto em minhas mãos,
suas asas em meus pés,
pesados tal que não,
conseguem alcançar a tez
macia e clara do teu rosto,
alçar vôo ao invés,
de parar e sentir teu gosto.

Mãos entrelaçadas,
olhos então vidrados,
palpitações aceleradas,
vasos dilatados,
vontades puncionadas.

Uma hora sei que falta assunto,
falta coragem, nao sei se consigo,
então te pergunto:
quer namorar comigo?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O vento toca deliciosamente os cabelos
Sei que poderia passar tempos e tempos assim
Na janela entre o céu e o véu
Fora e dentro de mim
Apreciando o sobrenatural a olhos míopes
Sem peso e sem dor
Ouvindo a doce melodia
Do cantar dos pássaros
Do bater de folhas
E da trilha que escolhi
Sentindo o calor emanar de meu corpo
Para aquecer o ambiente
Sentindo que estou saudável
Mesmo que doente
Transporto-me pelas nuvens de vapor
E sinto na água que me cobre
A delícia do amor
Estou aqui e não estou
Lágrimas se choram sozinhas
Junto com o sorriso que cresce
Mas cresce mais a energia
Que forte, me enternece.

Letras sem préstimo

Não escreva no ar
O que coloca como eterno

Há palavras que são poesia
E há palavras que são poeira
Que o mais leve sopro apaga

Tento recordar do que foi mesmo
A magia em que acreditei
E sonhar que foi o mundo real
Aquele que tanto amei

Mas depois que cessa a música
Percebo que foi apenas retorno de fantasias
Só porque eu enxergava nas ações
Mais do que eram

Eu vi a poesia
Você, a 'logia'
Pena, pobre cegueira
Deixou que sobrasse apenas asco.

Gostaria de acreditar que estávamos ali
pela vibração dos sons lentos
e pela luminosidade estelar
E que os jardins e flores
fossem também seu lar
Onde nos colocávamos
Somente a passear
Acreditando em novos mundos
Da vida que estávamos a cantar
Sonhos teus e meus
Todos no mesmo lugar
Só que não há magia para você
E acabou por ferir a minha
Ao me deixar de novo sozinha.

Não escreva no ar
Dizendo que o que houve foi terno

Há palavras que são poesia
E há palavras que nada dizem
Que vá além da superfície.

De novo dois

Malas postas à minha frente
A ditar o meu caminho
Guardados sonhos e lembranças
Cada um em seu cantinho
Memórias sem fotografias
Saltam das mudas mal feitas
Fico a remoer
Os carinhos e as desfeitas
Já não há laços
Nem broncas, nem cantigas
Partiram os abraços
E as verdades antigas.

Mais uma vez na estrada
Sem destino certo
Ou estrela almejada
Das luzes ao longe
Poucos significados
Sei de onde venho
Embora não saiba por que fui
As luzes me dizem que não estive só
Assim como os braços que amparam e aquecem
Mas não como os olhos que deixei
Que me derreteram e congelaram
Os olhos que ainda piscam na escuridão
Quando se fecham os meus.
Os olhos que me sorriram mais que o sorriso
E choraram mais que o coração
Pobres olhos sós
Donos da emoção
Estarão sós também os meus
Agora partidos, em solidão.

Baile ritual

Pichações e terror
Dão lugar ao amor
Posso sentir pelo balanço do soul
Sem amarras em praça pública
Onde não importam as roupas
nem os cabelos
Se o movimento está nos pés
ou nos joelhos
Somos estranhos, somos alguns
Amando o diferente
Sendo só incomuns
Danças ao Universo
Curtidas depois que o sol se foi
Iluminando a noite do bem
Nos unimos todos
Dizendo a quem vem
Que entre nesse mundo
Que dance também
Formando um ciclo
Um círculo, um circo
De gente do além
De transe em transe
Não estamos sós
Já não somos nós
Vemos horizontes
que a rotina não tem.

Experiência

Dizem-me ser a ciência dos céus
O modo de me fazer aprender
- Pena não vivê-las todas
Para que mais você possa saber.

Mas vejo de outra forma
Não quero esse poder
Como eu poderia
Sozinha, todas viver?

Para que eu quereria
Males e males sem fim
Só para poder dizer
Que mais eu sei de mim?

Experiências?
Que me sejam ciência
pela ciência allheia.
Não é sábio apenas o que semeia.

sábado, 9 de outubro de 2010

Rei das memórias

Não posso, não sei,

não quero mais ser rei,

se errei não quero mais,

seguirei sem olhar pra trás,

meu reino, meu tempo

cegarei ao olhar,

colher o que trás o vento.

Cegarei ao olhar pra dentro.


Chegarei sem olhar,

sem saber o que alimento,

isento de me explorar,

saudades do sentimento,

sentindo saudoso,

aquele momento.


Sem nostalgia ou prendimento,

sem o que fora outro dia,

senhoria do meu lamento

me faça perder a memória

depois devolva meu tempo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Voto

Falsa democracia
mentira cantada em carros de som
podre ideologia
Dinheiro e poder é o sonho bom
Poder que não merecia

Nada resolve, nada melhora
nada auxilia, nunca sincero
nunca, nunca sentiu o estômago estralar
Mente o debate que jura apoiar

Mente sobre democracia
manipula toda a verdade
impõe a necessidade do voto
obriga aos que não sabem e não querem saber a chance de sentirem a imoralidade da pressão e da lavagem cerebral que os porcos vomitam na sociedade que teme a mudança, teme o progresso, chora de fome e não sai de casa pra comprar comida.

Choro meu pranto em silencio
meu acalento é minha força
meu sofrimento é minha revolta
sei que se mato sou visto com maus olhos
ou vêem o mau em meus olhos...

Triste sociedade de morredores e matadores
todos sofredores...

Pobre inverdade

Triste, choro uma gota de amor
O pranto das nuvens me molha
Perco qualquer voz sem sabor
O raio do sol não me olha
Vige em mim a marca do labor
Morre antes do ventre o fruto
Maldita força nunca gera calor
Nunca sonhou, nunca viveu
Morre antes de sentir
Sofre antes de nascer
Em vezes nem nasce
Quando nasce é sem vontade
Gritos e vozes ecoam pela mente
Mente que mente quando pensa
Quando pensa, pois não pensa
Se pensa é a mentira que ama
Se ama é por falsa verdade
Falsa verdade
Falsidade