segunda-feira, 26 de julho de 2010

Astro

Sinto a brisa da noite
E ouço a sua música
A paz estremece
As dúvidas retornam
Olho a imensidão
E lá está a estrela
Que me cobre de razão
Uma luzinha apenas
Em meio a escuridão
Me entorpece
E deixo de lado a solidão
Nunca fui uma estrela
Mas sei o que é estar só
Em meio a multidão.

Trânsito

Via marginal, asfalto ardente
pressa matinal, eu imprudente
louco confiante, meio infrator
teimoso, mato e morro sem amor

adiante meu sangue se escorre
pneus espalham meu derrame
dou um trauma por um traumatismo
quem me vê agora, não dorme

Sangue meu por valetas se escorrendo
meu corpo agora sem vida
mal percebe o asfalto que o queima
minha vida agora sem corpo

meu corpo ao deleite de meu sangue
não mais se incomoda
nada sente de dor ou prazer
apenas morre...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Torpor

Meu corpo cai suavemente
Na maciez de minha insônia
Finalmente o calor me toma
E mesmo a queimação agora agrada
Faço com que o tempo pare
E que nenhum movimento desperte
Susurros longínquos insistem
Mas não estou aqui
Aqueço-me languidamente
E o torpor me devora
Curiosidade somente
Ainda não chegou a hora.

domingo, 18 de julho de 2010

Éramos cinco

Sem estrela guia
Sem estrada certa
Sem perder um dia
A vida se descortinava
E sozinhos estávamos todos
Juntos
Estranhos para nós
Estranhos para uns e outros
A buscar a voz que não cala
Mesmo em seu silêncio.
O Universo cresceu
Sós, mas não a sós
Infinitos
Éramos cinco,
Éramos mil.

sábado, 17 de julho de 2010

Apenas um tempo

Tudo que eu preciso agora...
Tudo que preciso agora, é gritar o que vive abafado.
Soltar minhas convulsões.
Deixar de ser o escudo do mundo.
O escudo e o confessionário de todo mundo.
Preciso chorar sem engolir minhas lágrimas.
Apenas um tempo.
Preciso de um abraço confiável.
Entenda que sou forte o suficiente,
para entender que estou no meu limite.
Quero pegar alguma carona que me leve, leve
pra longe daqui.
Apenas um tempo, para que eu possa
respirar, para que eu possa viver .
Eu só quero.. respirar !

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Nas asas da madrugada

Prometi que não conversaria mais com a madrugada,
prometi que não pensaria sobre nada,
prometi que não quebraria mais minha asa,
nos becos por onde não posso passar.

Esqueci que não cumpro promessas,
esqueci que não posso parar de pensar,
esqueci que encontro a madrugada,
esqueci que minha asa, só é asa
para poder se quebrar!
Esqueci que os becos são meus caminhos..
Esqueci de lembrar que os becos, são
meus eternos caminhos.

Lembrei de tudo,
conversando com a madrugada,
por causa de uma asa quebrada.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Paciência

És ciência da paz
És a Paz-ciência
Toda a minha vida
Aguardo tua clemência
Lágrimas cruzadas
Berros apagados
Morte aos momentos
Tão afogueados
Paz, ciência
Odeio tua ausência!
Momentos detonados.

Gelo seco

A caldeira desfere farpas
O próprio fogo já se apagou
Agora, só sobra a água
Que o desaforo gelou
Palavras em sublimação
Sublime ação de orgulho
Olhos que se evitam
Ouvidos que fazem triagem
Os abraços distanciam
Coração revira a bagagem
Talvez em busca de mesmo mar
Somos dois ausentes
a vagar
A frieza prossegue
Sólida ou a vapor
O que marca a correnteza
Certamente é a dor
Sem saber como agir,
o que falar, o que sentir
Sem meu eu
E sem o seu
Amigos de curta data
Retornamos ao breu.