sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Limite

Não diga que forte é a luz
E triste é a escuridão
Também maléfico é o equilíbrio
que traria essa impressão
É certo que se completem
Mas não que haja um só noite-dia
É a distância, o porém
Aquilo que os diferencia
E se não for a noite mais que um dia
Não haverá lógica nas sucessões
E se não houver dia após as noites
Não haverá paz nos corações
Pois somente com o fim
um começo se descortina.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"Que sempre dê frutos"

Prossiga verde, figueira
Não irá se desmanchar
Não é sua a culpa
De com as estações mudar

Está aí uma parábola
Que não posso interpretar
Por que mais um fruto é proibido?
Não bastava esperar?

Os frutos virão, tão certos quanto o dia
E se a noite se prostrar eterna
Ainda haverá o frescor
E a paisagem de alegria

Não seque porque lhe ordenam
Nem todos os frutos servirão ao corpo
Mas ainda podem engrandecer a alma

Figos, figurem-se eternos
Mesmo em sua lembrança
Se até se movem as montanhas
Por que não figos como herança?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Não se aquabrote os oculares

De que vale o lamento
se alimento da alegria?
e de que vale de lágrimas
brotou o firmamento,
indiscreta ousadia?

E adianta chorar
se de nada adianta?
adianta brigar
com essa tautologia?

Alguns momentos se vão,
algumas pessoas também,
alguns morrem em vão
por nao se sabe o que, ou quem,
outros dias apenas passam,
outros não passam e tem
a eternidade das nossas lembranças.