quinta-feira, 20 de maio de 2010

Der Steppenwolf

Hipócrita.
Sempre fui. Fui com orgulho de não ser,
ao meu parecer, apenas um engano,
tentando consertar
o deserto dos meus dias.
de longe a montanha é bela,
a relva parece macia,
de perto a areia amarela,
de cima o medo de altura,
e o medo de escalar.

Antes eu queria mudar o mundo,
depois pensei em mudar meus amigos,
hoje tento mudar a mim mesmo.
Hoje é tão difícil quanto antes,
e quando a esmo, e o pensar distante
deito na praça, como ontem fiz,
é pra olhar a lua e as estrelas,
de forma alguma triste, nem mesmo feliz,
apenas tentando entendê-las.
Mas elas me mostraram algo bom,
que eu ainda não sei racionalizar
pois não é esse meu dom,
lógica e contas, talvez uma profissão,
um lugar que o lobo das estepes,
de fato não abre mão.

E se julgas alguem melhor que de fato é,
com certeza decepcionará,
'A humanidade é avessa'
'A humanidade é ridícula',
e digo antes que esqueça:
Eu estou nela também,
não fujo da realidade,
não vou julgar ninguém.
(mas na verdade já julguei o que todos são)

E como se eu nem soubesse,
que o tumor reside em mim,
vem alguém e me diz isso,
do nada, e mesmo assim
retira de mim um sorriso
de verdade e conversa,
que pensei que nunca mais ia ter.
Todo mundo se interessa
em conversar coisas idiotas.
Gosto de criticas, mais do que imagina(m).

E das criticas vagas?
porque não falou?
é delas que eu me envergonho!
talvez nao lembraste, como bem suponho.

Mas tudo que escrevo é pra ser sepultado,
como a lágrima que nos escorre a face,
não me lembro do que está guardado
da mesma forma que me esqueço do que joguei fora.
Não me lembro do que escrevo,
preciso guardar pra ler,
a curta memória é uma dadiva.

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