terça-feira, 3 de agosto de 2010

Trilha

A paisagem é inebriante
Mesmo seca em seus galhos e aromas
Mesmo rachada em sua terra e suspiros
Cada subida é um lance
Cada passo uma vitória
Sem destino certo
para cima
Onde o fôlego não mais alcança
Onde a estrada se fecha
Sem deixar pista nem brecha
Do que virá
Outros passantes desviam
Vão para algum lugar
Incerto
Incertas todas as metas
dos que estão a trilhar
Ritmo constante
Só não se pode parar
Cada descanso custa mais
do que se possa pensar
Ruídos vêm de todo lugar
Mas o foco se mantém
Não podemos desviar
Até que cheguemos tão em cima
Onde já não possamos respirar
Onde não vemos mais sentido
Em trilhar só por trilhar
Porque em cima nada há
pra declarar
Fincar bandeira? Acampar?
Quais as glórias?
Qual a lógica de lá estar?
É a mesma paisagem de sempre
Mas aquele não é o lar
Sem caminhos novos
que possamos almejar
Descemos
Descemos pelo mesmo lugar.

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